Catálogo galáctico

Sociedade. Manual astronômico. O catálogo galáctico é um produto arcônida, como todos os catálogos estelares utilizados pela astronáutica terrana. A elaboração de uma mapoteca dessa extensão e perfeição consumira mais de 10.000 anos. Milhares de naves registradoras percorreram o cosmo para recolher os dados. Nem por isso se pode dizer que o catálogo registra todas as estrelas que compõem a Galáxia. Pelos cálculos dos peritos terranos, dele devem constar de 75 a 80% dos astros. Só uns 7% desse total foram visitados por alguma nave. O resto era assinalado por meio de cifras e letras necessárias para que o observador do mapa conseguisse orientar-se. A Terra reproduzira o catálogo de Árcon. E os nomes foram conservados. Apenas as medidas de extensão e de angulação foram substituídas segundo os padrões terranos, pois do contrário a interpretação dos mapas exigiria o domínio da matemática arcônida. A unidade de comprimento é o parsec ou pc. A unidade de ângulo é o grau. O ponto de referência do sistema de coordenadas em que se baseava o catálogo era Árcon. Muita gente do planeta Terra manifestou a opinião de que, neste ponto, o catálogo deveria ser modificado. No ano 2043, a Terra, que era uma potência jovem, em expansão, não tinha necessidade de usar um catálogo em que Árcon figurasse como centro. Na verdade, o recálculo dos dados do catálogo em função de um novo centro, a Terra, não apresentava maiores dificuldades, muito embora o trabalho fosse bastante volumoso. As razões, que determinaram a manutenção do sistema de coordenadas de Árcon, foram totalmente diversas. A posição galáctica da Terra tinha de ser mantida em segredo, pois só assim o Império Solar poderia prosseguir tranquilamente no seu processo de desenvolvimento. O inimigo em potencial dispunha de uma série de recursos e, por isso, a manutenção do segredo, em relação ao mapa, seria bastante difícil. Exigiria uma série de providências complicadas e dispendiosas. E seria totalmente impossível manter o segredo, caso existissem mapas onde a Terra, ou melhor, o Sol terrano, servisse de ponto de origem das coordenadas. Com isso bastaria comparar algumas indicações do catálogo arcônida com as indicações correspondentes do catálogo terrano, para descobrir a posição da Terra. Assim Árcon foi mantido como centro do sistema de coordenadas (pelo menos até meados do século XXI). Esse sistema é esférico-simétrico. O vetor do raio indica a distância do respectivo objeto em relação ao ponto de origem das coordenadas, ou seja, em relação a Árcon. Essa indicação é feita em parsec. O ângulo phi é o formado com o eixo horizontal do sistema. O sistema está ordenado de tal maneira que o centro geométrico da Via Láctea fica em 90° theta e 0° phi. O comprimento do vetor do raio até o centro galáctico é de 10.986 parsec. Cada folha do catálogo representa um setor da galáxia. E os setores eram escolhidos de maneira a terem aproximadamente o mesmo conteúdo espacial. O microfilme do catálogo só admite a representação bidimensional. Por isso as altitudes das diversas estrelas, em relação ao plano do filme, eram indicadas por cifras representativas de parsec. Além disso, as estrelas trazem outras marcações, que eram as coordenadas necessárias à sua fixação no hiperespaço. E essas coordenadas eram transmitidas, através de um fator constante de conversão, em forma de volumes energéticos necessários, para que o propulsor da nave alcançasse a respectiva estrela por meio de uma transição, ou seja, por meio de um salto através do hiperespaço. Guardavam uma relação estreita com aquilo que os galactonautas costumavam chamar de dados do salto (isso naturalmente só teve validade para os terranos ao tempo das naves de transição, até por volta do século XXII). As áreas de influência eram determinadas por cores diferentes. Assim, a área de influência de Árcon está em amarelo. Onde não há nenhuma influência, o mapa apresenta um fundo branco com pontos e linhas negras. No ano 2436, o setor leste da Galáxia era representado por uma gigantesca mancha branca nos mapas estelares oficiais do Império Solar, mancha essa que só em alguns lugares era atravessada por estreitas trilhas coloridas, que marcavam as faixas em que algumas belonaves ou pequenos grupos de unidades da Frota tinham penetrado profundamente na região desconhecida, em ações arrojadas levadas a efeito durante a guerra com os blues. Outra área inexplorada era as Nuvens de Magalhães, que ficavam à frente do setor sul da Via Láctea, e não havia despertado bastante interesse para atrair uma única nave terrana que fosse. Mas a partir do ano 2436 isso mudou, por causa do conflito com os chamados policiais do tempo.


 

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Fontes


  • PR73, PR250.
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